quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Esta é a hora certa para o investidor comprar ações?

   Ninguém discorda que uma das principais estratégias para quem quer fazer dinheiro na bolsa de valores é comprar na baixa e vender na alta. Na prática, porém, o que mais se vê é justamente o contrário. A maioria das pessoas entra quando o mercado já está no pico, com pouco ou nenhum potencial de valorização, e evita as ações no período de baixa.
 
   Esse comportamento é antigo e, por mais que os consultores e gestores orientem, não são muitos os investidores que se aventuram a entrar em momentos como o que estamos vivendo. Mas seria agora uma boa ocasião para aplicar em ações? A resposta é sim. 

  Apesar das perdas acumuladas no mercado de ações e o cenário indefinido, especialmente no exterior, a economia brasileira segue em fundamentos bastante sólidos, as empresas estão gerando lucros consistentes e o país continua a atrair capital estrangeiro.

   A recomendação de se investir em ações deve, porém, levar em consideração algumas premissas.

  O primeiro ponto que deve ser analisado é o perfil do investidor. Em vários sites (ou diretamente na Gol Invest) encontram-se testes que podem ajudar a identificar o perfil (conservador, moderado, arrojado ou agressivo) e sua propensão ao risco. Por melhor que seja a perspectiva da bolsa, o mercado acionário é volátil e sujeito ao imponderável e nem todas as pessoas suportam essas características.  Se for para comparar dia após dia a performance da bolsa com a de renda fixa e sofrer com isso, é melhor ficar de fora. O investidor precisa ter consciência do risco que quer correr assim que começa a investir. 


   Depois do perfil, é preciso avaliar o horizonte do investimento. Para o dinheiro que será utilizado no curto prazo, daqui a poucos meses, o mercado de ações não é indicado. Com a trajetória de juros no Brasil em ritmo ascendente, o risco, especialmente neste momento não compensa. Só se deve investir em renda variável quantias que serão utilizadas no médio e longo prazo (de preferencia sem data definida de resgate) e que não coloquem em risco a situação financeira.

   Definido o perfil de risco e o horizonte do investimento, determine o percentual do patrimônio será investido na bolsa e comece a comprar as ações GRADATIVAMENTE.  (Porque gradativamente? Simplesmente, porque é muito difícil encontrar o ponto de inflexão da bolsa, quando já chegou o fundo do poço, como o mercado é muito volátil, às vezes, em meio ao vaivém, quando o investidor percebe, já passou o ponto de comprar ou de vender. Então, gradativamente permite adquirir um preço médio que, se não for o melhor, também não será o pior).

   O mercado de ações oferece oportunidades fantásticas de lucro, mas nunca podemos nos esquecer da sua natureza de risco. Por mais que se tente, ninguém consegue ganhar em 100% das vezes. O importante é manter sempre o investimento inicial que  foi traçado e ter disciplina de permanecer fiel ao foco.

   Para os gestores, o grande desafio é convencer os investidores de que não se deve mudar a estratégia, diante de cenários negativos.

   Outro ponto a destacar é a escolha das ações. Para quem não tem familiaridade ou tempo para acompanhar o mercado, o melhor é optar por um fundo de ações, em que uma equipe especializada estará focada nisso. Se for para entrar diretamente no mercado, comprando e vendendo individualmente, olhe com critério os fundamentos da empresa, as projeções para o setor de atuação e também o seu potencial de pagamento de dividendos.

   Vale lembrar que quando o cenário é favorável para as ações a rentabilidade é superior aos investimentos em renda fixa e melhor do que a poupança.
   Não se deixe contaminar pelo pessimismo das pessoas (e nem pela euforia, nos períodos de altas). Racionalidade, nesse mercado, é fundamental; a história mostra que o mercado funciona em ciclos. Todo período de baixa é seguido por uma temporada de valorização - e vice versa. O que varia é o tempo em que isso acontece. 


Gilberto Nagai - Valor Econômico 





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